Reciclagem é assunto falado mais em escolas do que na sociedade como um todo e é comum ouvir professores comentarem sobre os questionamentos de alunos mais observadores: "Professora, por que a gente tem que colocar em caixas separadas se depois misturam tudo na hora de levar?". Educação ambiental e estrutura de tratamento de resíduos sólidos estão caminhando juntas, mas lentamente.
Em poucas cidades, como Itu/SP e Londrina/PR, a coleta seletiva está bem implementada e já é consenso que grandes centrais de reciclagem têm maior chance de prosperar, pois na situação atual de pequenas cooperativas 65% do lucro com a reciclagem ficam com atravessadores e indústria, deixando o resto a ser dividido entre os catadores cooperados.
Para o sucesso da reciclagem a participação da sociedade é importante e a estrutura das cidades é fundamental. O lixo reciclável, diferente do lixo comum, requer cuidados no transporte e manuseio e precisa ser lucrativo para as cooperativas para que estas se engajem de fato.
Nos domicílios, papel, plástico, vidro e metais podem ser separados sem qualquer dificuldade. Nas indústrias, o processo é mais rápido porque essas pagam pelos resíduos sólidos retirados e separar o que pode ser reciclado diminui esse custo. Uma vitória recente da reciclagem é o caso dos pneus que por tanto tempo foram descartados em rios e terrenos baldios sem qualquer cuidado ou tratamento. A Política Nacional de Resíduos Sólidos colaborou para esse fim com a obrigação de sistemas de logística reversa (retorno ao processo produtivo) envolvendo fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pneus. Novas tecnologias de destinação começaram a ser praticadas, dentre elas a utilização dos pneus em fornos da produção de cimento, como substituto parcial de combustíveis; fabricação de artefatos de borracha; reciclagem por meio de fabricação de borracha moída, com separação e aproveitamento do aço; além de uma tecnologia desenvolvida pela Petrobras, usando o material como substituto parcial de combustível para obtenção de óleo de xisto.
A pressão da legislação sobre questões ambientais acaba por favorecer novos negócios ligados à reciclagem. A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu a logística reversa de embalagens em geral para que esses itens, apesar de não serem resíduos perigosos, recebam um cuidado maior por parte de toda a sociedade.